domingo, 31 de maio de 2009

Cinema e Tecnologia : A capacidade de Criar.

Fernando Valota da Silva

Matéria: Computadores e Sociedade
Professor: Haroldo César Alessi
FIPP - Faculdade de Informática de Presidente Prudente.
UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista

Resumo:

Com uma definição entre cinema e tecnologia, buscar entender o quanto se é influenciado ou mesmo assim dizer, envolvido pela força do cinema. Como o cinema evoluiu do seu surgimento até os dias de hoje, e imaginar até onde esta “arte ciência” poderá chegar. Ver como o cinema reflete o ser humano em um novo mundo e em uma nova cultura, desde os seus primórdios. Ver como a tecnologia se torna parceira e ponto importantíssimo para o cinema.

Palavras Chaves:
Cinema, Tecnologia, Digital, Cinematografia.

Introdução

Encontra-se no dicionário Aurélio as seguintes definições:
Cinema: “1. Arte de compor e realizar filmes cinematográficos. 2. Cinematografia.”.
Cinematografia: “Conjunto de métodos e processos para registro e projeção fotográfica de cenas animadas; cinema”.
E no site Wikipedia encontra-se a seguinte definição sobre a tecnologia: (do grego τεχνη — "ofício" e λογια — "estudo") é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. A informática se enquadra na Tecnologia elétrica fundamental.
Pelas definições, pode-se observar a proximidade entre o cinema e a tecnologia, e como se influenciam mutuamente e também a todos que estão ao redor, como sendo ciências de igualdade e não multidisciplinares.
Tendo este artigo o objetivo de vivenciar o crescimento do cinema associado à tecnologia vem a fazer um rápido percurso do início dos estudos sobre imagem até hoje, onde a imaginação já nos levou nas grandes telas, e com isso observar o quanto a sociedade é influenciada pelo mesmo de forma social e comportamental.
Observar a evolução desde Pantomimas Animadas de Emile Reynaud a Avatar de James Cammeron, produção que vem sendo esperada como uma proposta de inovação cinematográfica.

O início

O homem sempre desejou representar os seus movimentos, suas histórias e os acontecimentos do cotidiano. Têm-se como prova deste desejo os desenhos encontrados em cavernas, escritos por civilizações hoje extintas, mas não esquecidas. Com isso, pode-se até imaginar que esses pequenos filmes mudos, sem movimento, na visão cinema, foram deixados para serem assistidos pelas civilizações de hoje.
Assim, realiza-se a seguinte questão: onde nasceu o cinema? A tentativa de definir o surgimento do cinema torna-se, na maioria das vezes questionável aos historiadores, mas existem princípios, pontos dos quais se podem levar em conta, como marcos iniciadores da imensa caminhada cinematográfica.
Dentre todas as criações tecnológicas e marcantes, pode-se considerar a mais importante para o nascimento do cinema a “Lanterna Mágica” (1646), de Atanasius Kircher, aparelho que inicialmente se utilizava de sol para reproduzir as imagens em movimento ou desenhos, refletindo-os em uma parede ou lençol. A Lanterna Mágica inicialmente foi muito utilizada pelos mágicos e ilusionista, em evocações do sobrenatural em seus shows instigando a platéia sobre o além.
Considerando também como um marco importante, o estudo de Isaac Newton no século XVII, sendo ele, que ao rodar um disco, pintado um arco íris, notou as cores se fundirem nas retinas, tornando-se brancas e o mesmo ficou conhecido posteriormente como “Disco de Newton”. Este fato se tornou importante para impulsionar no século XIX, aparelhos voltados para a simulação de animação como o Taumatoscópio de John Airton Paris em 1825 na França, o Fenaquistoscópio em 1832 pelo belga Josefe Antoine Plateau.
É neste século que se tem o surgimento do negativo, por William Henry Fox Talbot, fundamental para a evolução das películas de filmagem, o que faz tornar-se evidente esta associação de Cinema e Tecnologia. E não esquecendo que após a invenção do negativo, já se iniciava a utilização de fotos para representar o movimento, tecnologia esta que estava em ascensão.
Como prova disso, em 1872, um milionário americano fez uma aposta. Ele garantiu que, quando o cavalo galopa, há um momento em que este fica com as 4 patas no ar. O fotógrafo inglês Muybridge decidiu fazer a demonstração. Colocou lado a lado 24 câmeras fotográficas presas por fios que, ao serem tocados pelas patas do cavalo, acionam as máquinas tirando 24 fotos que registram todos os movimentos do galope. Ele provou assim que, de fato, há um momento em que as 4 patas não tocam o chão. Sem saber, ele dava um passo fundamental para o nascimento do cinema. (Texto extraído de http://www.moviecom.com.br/Cinema/ em 03/06/2008).
Este fato é concretizado no ano de 1885, com a criação do cinematógrafo, pelos irmãos Louis Lumière e Auguste Lumière. O aparelho criado pelos irmãos projetava fotogramas sucessivamente. Sua estréia se deu em 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, com filmes do cotidiano e com projeções de tamanhos maiores que antes utilizados.
Focando em cinematografia, observar-se o primeiro cinema do mundo, aberto por Emile Reynaud em Paris no ano de 1892. Trazia exibição de um filme “Pantomimas Animadas”, que utilizava da técnica do livro mágico, ou seja, o bloco de desenhos que girados traziam a impressão de movimento.
Com o avanço do cinema e toda a tecnologia, inicia-se o surgimento de novas profissões e a necessidade de mais mão de obra desde especializada a mais simples, e o cinema começava a impactar na sociedade como propulsor econômico.
Os primeiros comércios foram em torno dos equipamentos, ou seja, a tecnologia para projetar os rolos de filmes criados, o que fez as empresas produtoras incentivar a criação de filmes para atender aos proprietários dos mesmos.
Começou o surgimento mais maciço de “cinemas”, ou seja, galpões em desuso que passaram a ser alugados para apresentações de filmes aos finais de semana, a conhecida era dos neckelodeons, que em 1908 já eram em torno de dez mil nos Estados Unidos. E também começava a surgir Hollywood, ponto de referência em cinema, que foi surgiu pela necessidade de Willian Selig em filmar um filme baseado na história de O Conde de Monte Cristo. Como em Chicago chovia muito, e a necessidade da luz do dia era primordial na época, e o clima de Hollywood as características necessárias para rodar o filme.
Assim outras já conhecidas agora como produtoras começaram a migrar para a mesma região, e surgir os grandes estúdios fruto de fusões como em 1912 – Universal Pictures, liderada por Carl Laemmle, 1914 com a fusão da Lasky com a Famous Players surgindo a Paramount, 1915 Wilian Fox cria a Fox Film Corporation. Assim sucessivamente, o mundo passa a presenciar um novo meio de negócio, e a sociedade passa a se beneficiar com isso.

A Evolução

Com o aumento das empresas produtoras de filmes e com os acontecimentos do século, como a depressão nos Estados Unidos em 1929, muitas idéias surgiam e influenciavam novos filmes e uma revolução tecnológica surge em 1939 com a introdução do som e imagens coloridas, aumentando expressivamente o realismo dos filmes e o seu entendimento.
Nesse período, começa a notar que não somente o cinema se fazia por usar a tecnologia que era criada, mas a mesma começava a impulsionar-se em direção ao cinema. Percebe-se uma introdução ainda maior de efeitos especiais nos filmes. Esta introdução de novas técnicas passa a ser facilitada com a evolução das câmeras de gravação e através da melhora expressiva dos computadores, que ocorre principalmente a partir dos anos 70. Além dos efeitos, as edições e preparações de filmes passaram a ser realizadas nos mesmos, de forma mais rápida e com um retorno mais vantajoso. Dessa forma o avanço da tecnologia de computação gráfica se torna obrigatória, e a mesma não deixa a desejar, os desenvolvedores da área de softwares, os desenvolvedores de hardware iniciam um árduo trabalho criativo. Nasce um novo ciclo, e mais do que em outras épocas, os criadores de sonhos, ou seja, os produtores se associam os criadores de tecnologias, para evoluírem, e a linha que separa tecnologia do cinema, se torna ainda menor.
Nesse novo ciclo a forma de pensar cinema começa a mudar. Com o avanço tecnológico promovido e direcionado ao cinema, os grandes filmes que outrora eram produzidos com longos diálogos e ação, passavam a ser incrementados com efeitos especiais bem mais elaborados, entre inúmeros produtores que surgiram nesse novo tempo voltamos os olhos para George Lucas e Steven Spielberg.
Dos filmes de George Lucas, o mais conhecido e que retrata bem a evolução cinematográfica associada a tecnologia tem-se para estes fatos o filme Star Wars de 1977, uma ficção científica, um mundo inteiramente tecnológico. Para criação deste mundo, necessitou-se de novas técnicas de filmage, novas técnicas de edição, principalmente na inserção de elementos gráficos, o qual gerou o resultado final que levou para o cinema milhares de telespectadores.
Através da sua empresa “Industrial Light and Magic” (ILM em 1975), Lucas foi responsável pela invenção de uma câmara especial assistida por computador chamada “Dykstraflex”, e que foi usada na maioria das sequências de luta no espaço de “Star wars”, tecnologia que foi usada também depois em “Battlestar Galáctica” e “Star trek – The next generation”. Através da ILM, Lucas impulsionou o desenvolvimento de gráficos de computador aplicados na “fabricação” de personagens em 3D.
Lucas é também responsável pelos modernos sistemas de som encontrados em muitas salas de cinema. Ele não inventou o THX, mas foi o grande responsável pelo seu desenvolvimento. Esses pontos tornam a reforçar a evidencia forte do crescimento tecnológico atrelado ao crescimento do cinema, e como quem outrora utilizava apenas da tecnologia existente para criador da mesma.
Já com Spelberg, observa-se como um diretor utiliza das tecnologias existentes para criar os filmes, o uso, a forma com a qual ele exige que seja o produto final faz-se criar tecnologia digital. Como exemplos dos seus filmes destaca-se inumeros, como E.T. o Extraterrestre, que marcou uma geração com a bicicleta que voa cruzando a lua, exemplo de técnica e tecnologia de gravação, mais a frente Minority Report, simplismente digital, desde a tecnologia empregada para a criação do novo mundo, aos efeitos simbolizando o futuro. E um exemplo recente, a criação do filme Transformers (2007), Dirigido por Michael Bay e produzido por Steven Spielberg, lançado em Julho de 2007. Sendo produtor do filme Spielberg exigiu que o mesmo fosse totalmente produzido com US$ 150.000.000,00, o que para o cinema norte-americano e para um filme com tal dimensão seria pouco, algo que exigiu de Michael Bay, um esforço em conseguir a consumação do fato, em uma de suas entrevistas Bay relata a dificuldade encotrada:
“ Me disseram que quando a ILM pegou o trabalho e começou a escolher equipe, Transformers foi o projeto mais desejado por lá. Tem muitos fãs da série na empresa, e isso ajudou demais, especialmente porque eles se entregaram com paixão àqueles modelos complicadíssimos, que são os mais elaborados já feitos. Só o Líder Optimus Primer tem 10 mil peças entre as móveis e as que se encaixam. “ (http://www.omelete.com.br/cine/100006874/
Omelete_entrevista_Michael_Bay__o_diretor_de_Transformers.aspx - 18/04/2008).
Em outras palavras tiveram muita dificuldade mas também muita ajuda digital, ou seja, tecnologia digital.
Aproveitando da tecnologia digital, e levando a mesma para o âmbito da animação computadorizada utilizada em desenhos, nosso olhar volta-se para o primeiro longa-metragem de animação realizado totalmente em computação gráfica, Toy Story(1995), foi o primeiro longa-metragem da empresa Pixar Animation Studios. O filme arrecadou US$191.796.000 nos Estados Unidos e US$358.100.000 no mundo inteiro. Sendo um marco para a categoria e um marco na computação digital, que em outras ocasiões havia sido tentado e sem sucesso como por exemplo The Works, que nunca foi concluída.
Um dos detalhes mais enteressantes nessa história do Toy Story, é a propria Pixar Animation Studios, empresa criada por George Lucas e posteriormente adquirida por Steven Paul Jobs, empresario co-fundador da Apple e fundador da NexT, ou seja, o inventor do iPod, que investiu na tecnologia 3D para realizar Toy Story, e tornou a Pixar o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo, com isso comcretiza-se mais ainda como a tecnologia e o cinema estão entrelaçados, principalmente neste exemplo quando alguém inteiramente da área técnologica se aventurando e crescendo com o cinema.
Como a imaginação não para e a tecnologia parece viajar a sua sombra, segue-se atualmente a trajetoria e os rumores, entre estes alguns ja concretizado, da mais nova tecnologia de filmagem, proposta por James Cameron em seu novo filme com nome provisório de Avatar. A história se passa quando um veterano de guerra paraplégico é levado por alienigenas para ajudar a salvar mundo deles da guerra eminente, mas além dos efeitos especiais o grande segredo deste filme segundo Cameron está na forma que será filmado e na forma da ultilização das cameras 3-D. A proposta é filmar sem alterações de quadros, mas traduzindo isso para 3D, com as cameras visualizando como o olhar humano:
“Imagem 3-D é composta por duas câmeras captando a imagem simultaneamente, como os dois olhos humanos, e é essencial medir bem a distância entre essas duas câmeras para que não haja distorções”, relata Cameron a entrevista concedida a Varient. (http://www.variety.com/VR1117983864.html - 18/04/2008).
Além desses detalhes a câmera terá como um ponto importante a captação da imagem real em sincronismo com a imagem digital, ambas em tempo real. Contudo, Avatar deve se classificar como um dos filmes projetos mais esperado na memória recente do cinema. James Cameron vislumbrando que essa idéia não ira parar em Avatar afirma:
“Eu diria que daqui a dez ou quinze anos telas com 3-D estarão em todos os lugares, de cinemas a propagandas a céu aberto, de TVs a celulares. No futuro mostrado em Avatar, todos os aparelhos com tela, incluindo portáteis ou mesmo fotografias, são em 3-D."

Considerações Finais

Como o nascimento do cinema vivencia o crescimento tecnológico e como a tecnologia e cinema caminha intimamente unido, suas influencias tecnológicas atingem o mundo, as sociedades e refletem em seu desenvolvimento, seja pela demonstração cinematográfica de outras culturas como na evolução tecnológica.
E se tratando de evolução tecnológica, o que no inicio era marcado de séculos, passa a ser determinado em decadas e hoje em anos ou até em meses. Como observa-se do surgimento da Lanterna Mágica, no século XVII, e um próximo relato importante tem-se somente no século XIX, que foi o surgimento do negativo, e no final deste século nasce o cinematografo e o primeiro cinema para exibição. Ja é notório como inicia uma diminuição do tempo evolutivo, sendo a tecnologia mais exigida no cinema, como mostra o surgimento do inicio do século XX as grandes produtoras, já com quatro décadas depois tem-se a introdução da imagem colorida e o som. O século XX se torna marcante, e o que era de séculos passa a ser de décadas, e no final do século XX, com a popularização dos micro-computadores, a evolução passa a ser anual, com cada produtora oferendo mais tecnologia a cada cena de cinema.
Contudo vislumbra-se de forma íntima que cientistas, artistas, produtores e desenvolvedores de tecnologia unidos criam e fazem parte da 7ª arte e a tornam uma verdadeira ciência. E acima de tudo o cinema é um dos pontos mais forte de união dessas classes citadas.
Este passeio “tecnológico cinematográfico” poderia perdurar por uma infinidade de linhas, pois além de facinante é intrigante, pois até onde irá a capacidade do homem de criar tecnologia e faze-la se interar ao imaginário e criar cinema, transformar visões, sonhos em realidade.
A cada dia mais a tecnologia e cinema estão enraizado, que não se consegue definir quem está ditando a tecnologia, se é o cinema, ou a evolução natural dos aparelhos eletrônicos. Com certeza este mundo imaginário ainda levará centenas de milhares de pessoas a viajarem por lugares antes inimagináveis, e com isso transpassar o que conhecemos por realidade, pode-se afirmar que esta é uma das grandes ações e até funções da sétima arte, o Cinema.

Referências Biográficas

ASSIS DE LUCA, Luiz Gonzaga. Cinema Digital. Um novo cinema?. Imprensa Oficial. São Paulo – 2004.

XAVIER, Ismail. O cinema no século. Imago Editora. Rio de Janeiro – 1996.

SELONK, Aletéia. Cinema e novas tecnologias. Sessões do imaginário. Porto Alegre, nº9. maio de 2003. FAMECOS/PUCRS.

Wikipédia. George Lucas e Steven Spiedberg. www.wikipedia.com. Acesso: 18/04/2008.

Entrevista a Steven Paul Jobs. http://vocesa.abril.com.br/evolucao/aberto/ar_80039.shtml. Acesso: 05/04/2008


KEATING. Gina. Tecnologia 3D promete revolucionar cinema. Reuters - LOS ANGELES. http://info.abril.com.br/aberto/infonews/032007/29032007-9.shl. Acesso: 18/02/2008.

Dados sobre filmes e sinopse. www.omelete.com.br. Acesso: 18/02/2008

James Cameron. Varient. (http://www.variety.com/VR1117983864.html. Acesso: 18/04/2008.

RISI, Daniel. Pseudo-realismo: a computação gráfica e o desafio do ator digital no cinema.

MIKOSZ, Jose Eliézer. Influência recíproca entre arte e tecnologia.

http://www.moviecom.com.br/Cinema/ acesso 03/06/2008

MIRANDA DA SILVA, Maria Cristina. Lanterna mágica: fantasmagoria e sincretismo audiovisual, http://www.unicap.br/gtpsmid/pdf/CD-MariaCristina.pdf acesso em 03/06/2008.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Vendedor de balões



Era uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse.

Evidentemente, o homem era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões.

Havia ali perto um menino negro.

Estava observando o vendedor e, é claro apreciando os balões.

Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e finalmente um branco.

Todos foram subindo até sumirem de vista.

O menino, de olhar atento, seguia a cada um.

Ficava imaginando mil coisas...

Uma coisa o aborrecia, o homem não soltava o balão preto.

Então se aproximou do vendedor e lhe perguntou:

- Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?

O vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão preto e enquanto ele se elevava nos ares disse:

- Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.

Anthony de Mello.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

MÃES MORREM QUANDO QUEREM

MÃES MORREM QUANDO QUEREM
Por: Alexandre Pelegi


Eu tinha 7 anos quando matei minha mãe pela primeira vez. Eu não a queria junto a mim quando chegasse à escola em meu 1º dia de aula. Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a nova vida iria me trazer. Poucas semanas depois descobri aliviado que ela ainda estava lá, pronta para me defender não somente daqueles garotos brutamontes que me ameaçavam, como das dificuldades intransponíveis da tabuada.

Quando fiz 14 anos eu a matei novamente. Não a queria me impondo regras ou limites, nem que me impedisse de viver a plenitude dos vôos juvenis. Mas logo no primeiro porre eu felizmente a descobri rediviva - foi quando ela não só me curou da ressaca, como impediu que eu levasse uma vergonhosa surra de meu pai.

Aos 18 anos achei que mataria minha mãe definitivamente, sem chances para ressurreição. Entrara na faculdade, iria morar em república, faria política estudantil, atividades em que a presença materna não cabia em nenhuma hipótese. Ledo engano: quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir voltei à casa materna, único espaço possível de guarida e compreensão.

Aos 23 anos me dei conta de que a morte materna era possível, apenas requeria lentidão... Foi quando me casei, finquei bandeira de independência e segui viagem. Mas bastou nascer a primeira filha para descobrir que o bicho "mãe" se transformara num espécime ainda mais vigoroso chamado "avó". Para quem ainda não viveu a experiência, avó é mãe em dose dupla...
Apesar de tudo continuei acreditando na tese da morte lenta e demorada, e aos poucos fui me sentindo mais distante e autônomo, mesmo que a intervalos regulares ela reaparecesse em minha vida desempenhando papéis importantes e únicos, papéis que somente ela poderia protagonizar...
Mas o final dessa história, ao contrário do que eu sempre imaginei, foi ela quem definiu: quando menos esperava, ela decidiu morrer. Assim, sem mais, nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para despedida.
Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães são para sempre. Ao contrário do que sempre imaginei, são elas que decidem o quanto esta eternidade pode durar em vida, e o quanto fica relegado para o etéreo terreno da saudade....

sábado, 16 de maio de 2009


Formações

A estratégia do amor

Você conhece a história do seu marido? Da sua esposa?
Eu estudo há muitos anos relações humanas e vejo o comportamento das pessoas e a maneira como nos apegamos aos defeitos dos outros. Mas hoje de modo especial Deus quer nos ensinar que os defeitos não estão no outro, mas em nós.
Você não pode obrigar ninguém a gostar de você. Se, por exemplo, eu quero ganhar clientes, preciso agradá-los, não adianta tratá-los mal. Se eu tenho uma loja de roupa e tratar mal o comprador, ele vai ao próximo estabelecimento e quem o perde sou eu. Ao agirmos assim quem sai perdendo somos nós.
Tantos casais têm se separado, porque têm se prendido aos defeitos uns dos outros.
A estratégia para mudar o relacionamento é mudar a pedagogia, mudar em primeiro lugar a nossa pessoa. O grande segredo é compreender o outro, com isso vou ter muito mais motivo para lhe perdoar. Porque quando você conhece a história do outro, você começa a ver a pessoa de outra maneira. Você conhece a história do seu marido? Da sua esposa?
Quando você conhece a história do outro, você tem essa atitude de mudar as suas atitudes. Você vai perceber que Deus não criou aquela pessoa dessa maneira e quem começará a mudar será você. É necessário que todos os dias você se questione: O que eu fiz no dia de hoje que ajudou a conquistar aquela pessoa ou a afastá-la mais de mim?
Muitas vezes, com a atitude do outro nos irritamos, mas quando lemos a Palavra vemos que Deus nos trata totalmente diferente. O Altíssimo não fica bravo com suas atitudes, é problema seu, porque: "Podem os montes recuar e as colinas abalarem-se, mas minha misericórdia não se apartará de ti, nada fará mudar a aliança de minha paz, diz o teu misericordioso Senhor". O Senhor não muda nunca, porque Ele nos conhece plenamente, e o principal: Ele usa de misericórdia sempre.
Quantos filhos já me disseram que iriam embora de casa por não suportarem mais os pais. E Deus diz: "Pode os montes recuar, mas minha misericórdia não se apartará de vós". Quando temos o olhar de Deus em todas as coisas, pode tudo se abalar, mas em tudo usaremos de misericórdia.
E só um coração curado consegue fazer isso. Só um coração curado consegue abençoar o outro em vez de amaldiçoá-lo. Muitas vezes, pedimos a Deus a graça de sermos um instrumento eficaz, mas o Senhor só faz de nós um instrumento eficaz quando temos a disposição de amar. Não adianta você rezar pela conversão do seu esposo se você não reza com amor. Só o amor tem poder de transformação.
Para alcançarmos uma luz no teto é necessário colocarmos uma escada e subir degrau por degrau. Se você for usando de misericórdia, dia após dia, de degrau em degrau, você vai alcançar o coração de Deus.
Comprometa-se com você mesmo em mudar a sua maneira de ser e em mudar a sua pedagogia com o próximo. Escolha a melhor parte, escolha o céu.
Pe. Alir - SCJ15/05/2009 - 08h00